Descoberta de cerâmica com traços guarani levanta novas hipóteses sobre história indígena em São Luiz Gonzaga

Uma descoberta arqueológica no centro de São Luiz Gonzaga, na Região das Missões, pode mudar o que se sabe sobre a presença indígena no Rio Grande do Sul. Foi em um terreno particular que arqueólogos encontraram uma cerâmica antiga com características únicas, que levantam novas hipóteses sobre a cultura dos povos indígenas.

A peça, uma pequena iapepó — panela usada para preparar alimentos — chamou a atenção dos especialistas por um detalhe. Segundo a arqueóloga Raquel Rech, a decoração angular é típica da cerâmica guarani, mas o aplique em forma de serpente é um traço comum na região do Alto Xingu, na Amazônia.

“Esse aplique serpentiforme ele é muito conhecido na região amazônica, lá pelo Alto Xingu, mas aqui nas bandas não se tem conhecimento ainda”, afirma.

A cerâmica foi encontrada a cerca de 60 a 70 centímetros de profundidade, em um terreno próximo à praça central da cidade, onde existia a antiga redução jesuítica de São Luiz Gonzaga. A dona do terreno, Nilda Griep Chaparini, comprou o local para abrir um comércio.

“Jamais imaginava que tudo isso, que ia encontrar tantos objetos, tanta coisa aqui”, conta.

Agora, é necessário um estudo de datação para determinar se a peça foi produzida localmente ou trazida de outra região.

De acordo com a arqueóloga Raquel, a peça pode ter cerca de dois mil anos. Isso se alinha ao período em que os guaranis começaram a chegar ao Sul do Brasil, em diferentes levas migratórias, segundo a pesquisadora.

Para o secretário de Turismo e Cultura de São Luiz Gonzaga, Leandro da Silva Grings, a descoberta é uma oportunidade de aprofundar o conhecimento sobre a história local.

Além da iapepó, a escavação revelou quase 700 fragmentos de cerâmicas, telhas e utensílios domésticos, alguns do período pré-missioneiro e outros já influenciados pela presença dos padres jesuítas.

Todo o material é medido, pesado e registrado digitalmente, seguindo exigências do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Fonte: G1RS

Foto: Reprodução/ RBS TV

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