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China recusa adesão a fundo florestal de Lula e impõe revés à diplomacia ambiental brasileira.

A China surpreendeu o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao anunciar, durante a COP30 em Belém (PA), que não participará do Tropical Forest Forever Facility (TFFF) — fundo global de preservação florestal apresentado como principal legado diplomático brasileiro no evento. A decisão, confirmada por fontes ligadas às negociações, representa um revés significativo para a estratégia ambiental do Planalto.

O TFFF foi lançado com a promessa de reunir US$ 25 bilhões em capital semente, podendo chegar a US$ 125 bilhões com alavancagem internacional. No entanto, até agora o fundo soma US$ 5,5 bilhões, com aportes confirmados de Noruega, França e Indonésia. A Alemanha manifestou interesse, mas ainda não formalizou sua contribuição.

De acordo com interlocutores, autoridades chinesas defenderam que o financiamento climático deve ser responsabilidade dos países desenvolvidos, e não das economias emergentes. A decisão de Pequim frustrou Brasília, que contava com o apoio chinês para dar peso político e financeiro à iniciativa.

O modelo do TFFF prevê que o dinheiro arrecadado seja aplicado em ativos de alto rendimento, com os lucros sendo divididos entre investidores e países que preservam suas florestas, recebendo US$ 4 por hectare protegido.

Além da ausência chinesa, nenhum banco multilateral de desenvolvimento aderiu ao fundo. As negociações com Índia, Japão e Reino Unido seguem estagnadas, enquanto Holanda e Canadá devem se pronunciar apenas em 2026.

Enquanto isso, o Banco Europeu de Investimento anunciou investimento paralelo de € 50 milhões (US$ 58 milhões) em outro projeto ambiental sem vínculo com o TFFF.

No setor privado, apenas a Fundação Minderoo, do bilionário australiano Andrew Forrest, confirmou um aporte de US$ 10 milhões.

O governo brasileiro ainda não comentou oficialmente o caso. A decisão da China, contudo, lança dúvidas sobre a capacidade de Lula em liderar o diálogo climático global, em meio à tentativa de transformar a COP30 em vitrine internacional de sua política ambiental.

Por: Augusto Kemmerich

Foto: Xinhua/Lan Hongguang/AFP

Fonte: Conexão Política

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