Trabalhador precisa de 116 horas para pagar cesta básica em Santiago, segundo pesquisa da URI

O Curso de Administração da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI) Câmpus de Santiago divulgou os resultados mais recentes da pesquisa sobre o custo da cesta básica na cidade, seguindo a metodologia do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE). Em junho de 2025, o valor da cesta atingiu R$ 745,30, registrando uma alta de 2,60% em relação ao mês anterior, quando havia apresentado queda.

O levantamento mostra que, embora 11 das 17 capitais brasileiras tenham registrado queda no custo da cesta básica no mesmo período, Santiago seguiu na contramão da tendência nacional. O aumento de R$ 18,87 pode parecer discreto, mas impacta diretamente o orçamento familiar. Para se ter uma ideia, esse valor corresponde a cerca de 3 litros de leite, 3 quilos de feijão ou arroz, ou ainda 28 pães de 50 gramas — produtos essenciais no dia a dia das famílias.

Termômetro do custo de vida

A pesquisa reforça que a cesta básica vai além de um simples conjunto de produtos alimentares. Ela é um termômetro do custo de vida e da capacidade de compra, especialmente dos trabalhadores que vivem com o salário mínimo. A alta no preço interfere diretamente no tempo de trabalho necessário para garantir a alimentação básica e compromete ainda mais a renda de famílias em situação de vulnerabilidade.

Em junho, um trabalhador com salário mínimo precisou dedicar 116 horas de trabalho para adquirir os itens da cesta em Santiago — quatro horas a mais do que em maio. A cidade passou a ocupar a 9ª posição entre as localidades com a cesta básica mais cara do país.

Produtos com maior variação

Dos 13 itens que compõem a cesta básica, cinco apresentaram aumento nos preços:

  • Tomate: +42%
     
  • Açúcar cristal: +25%
     
  • Carne (patinho): +3%
     
  • Manteiga: +2%
     
  • Banana caturra: +2%
     

Em contrapartida, outros produtos registraram queda, aliviando parcialmente o impacto da alta:

  • Batata inglesa: -16%
     
  • Leite integral: -12%
     
  • Feijão preto: -11%
     
  • Café: -2% (interrompendo uma sequência de aumentos)
     

Acumulado preocupa

No acumulado dos últimos dez meses (de setembro de 2024 a junho de 2025), a cesta básica em Santiago já subiu 12,01%. Os produtos que mais pesaram nesse período foram:

  • Café: +76%
     
  • Tomate: +63%
     

Comparativo com outras capitais

O custo médio nacional da cesta básica em junho foi de R$ 739,46. Em Porto Alegre, o valor chegou a R$ 831,37, mantendo a capital gaúcha entre as quatro mais caras do Brasil, atrás apenas de São Paulo (R$ 882,76), Florianópolis (R$ 867,83) e Rio de Janeiro (R$ 843,27). Já Aracaju (SE) teve o menor custo, com R$ 557,28.

Salário mínimo ideal

Com base nos dados do mês, o DIEESE calcula que o salário mínimo necessário para cobrir as despesas básicas de uma família de quatro pessoas (dois adultos e duas crianças) deveria ser de R$ 6.261,60 — aproximadamente quatro vezes o valor atual.

Fonte: Emanuely Guterres Soares

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