Por dia, 31 crianças e adolescentes entre 8 e 14 anos se tornaram mães no Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde, que consideram o período de janeiro a maio deste ano. A média é resultado de 4.657 nascidos vivos no país dentro dessa faixa etária. O levantamento aponta ainda que, no período, três adolescentes de 14 a 17 anos morreram durante o parto. Em 2022, a taxa no Brasil era pior do que a de outros países latino-americanos, como Argentina, Chile, Costa Rica, Peru e Uruguai, segundo dados do escritório do UNFPA (Fundo de População das Nações Unidas).
Apesar do número, o índice indica uma queda de 23% nos bebês nascidos de mães entre 8 e 14 anos em relação a 2023, quando foram registrados 6.080. Nordeste, Sudeste e Norte são as regiões com maiores taxas.
Em 17 anos, 6.118.205 de bebês nasceram de mães adolescentes no Brasil, segundo uma pesquisa feita pelo Instituto de Saúde Coletiva da UFBA (Universidade Federal da Bahia) e Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde da Fiocruz. Entre as crianças e adolescentes de 10 a 14 anos que tiveram um filho, o número em meninas indígenas chega a ser quatro vezes maior.
Riscos
Segundo o ginecologista Luis Otávio Manes, o risco de mortalidade materna é cinco vezes maior em jovens abaixo de 15 anos, além de aumentar as chances de depressão, aborto espontâneo, pré-eclâmpsia (entenda baixo).
“Essa mulher fica fora do meio social a que ela normalmente pertence, tem um cuidado que é fora da idade dela, então isso acaba trazendo uma responsabilidade muito prematura e de uma forma ou outra ceifando a adolescência dessas mulheres, que não têm ainda maturidade para conseguir lidar com outra vida”, disse.
Para a ginecologista obstetra Flávia do Vale, o número de bebês que nascem de crianças e adolescentes é considerado alto para o intervalo de cinco meses. A médica explica que a falta de acesso a informações corretas sobre saúde sexual e reprodutiva, barreiras ao acesso a métodos contraceptivos, violência e abuso sexual e contextos socioculturais são fatores que podem explicar a alta taxa.
“A alta taxa de gravidez na adolescência no Brasil sugere a necessidade urgente de intervenções abrangentes que abordem educação, acesso a serviços de saúde, apoio social e proteção contra violência, para garantir melhores perspectivas para os jovens e suas famílias”, concluiu.
Entenda o que é a pré-eclâmpsia
A pré-eclâmpsia é uma complicação da gravidez caracterizada por pressão arterial elevada e sinais de danos a outros órgãos, frequentemente os rins e o fígado. Geralmente, a pré-eclâmpsia se desenvolve após a 20ª semana de gestação, mas pode ocorrer mais cedo ou até mesmo após o parto.
Os sintomas mais comuns da pré-eclâmpsia incluem:
Pressão arterial elevada
Inchaço excessivo nas mãos e no rosto
Ganho de peso repentino e significativo
Proteína na urina (proteinúria)
Dores de cabeça severas
Alterações na visão, como visão turva, sensibilidade à luz ou perda temporária de visão
Dor abdominal superior, geralmente sob as costelas do lado direito
Náuseas ou vômitos
Fonte: R7
Andre Borges/ Agência Brasília
Deixe um comentário